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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Falar de amor em tempos de liquidez


Esse texto foi inspirado na obra de Zigmunt Bauman - Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos.


Nos tempos de hoje, o tempo escorre pelas mãos. E junto com ele se vão as estruturas, as tradições e os padrões. Obstáculos e preconceitos se dissolvem, e o extremo rigor se desmancha num piscar de olhos. Dando lugar a novas sensações inauguradas pelos tempos de liquidez. Época da instantaneidade! Tudo tem que ser, deve ser, está sendo (?!) Rápido, fácil, gratuito, simultâneo, velozmente, desesperadamente, inexplicavelmente fulgaz... Ufa! Foi-se o meu tempo!

Não dá mais tempo para as coisas simples da vida: uma conversa; aquela boa gargalhada com os amigos; falar besteira; jogar conversa fora. O tempo tá curto para abrirmos o nosso coração, para darmos um abraço bem apertado e um beijo demorado daqueles. E assim escapamos. Inconscientemente escapamos temerosos! Talvez não seja apenas medo de não dar tempo, talvez seja também medo de fugir das novas sensações que são liquidamente e fragilmente construídas. Impossível escapar do que se diz viver a vida intensamente. Intensidade ou quantidade?

Namorar é coisa dos tempos de solidez, ser líquido é ficar! "Ficadas", em que o beijo escorre boca adentro como um copo d'água que mata a sede dos sentidos explícitos, e da necessidade cada vez mais ávida por senti-los, independente de outros sentimentos "ditos sólidos". Compromisso, Respeito, Fidelidade, Durabilidade talvez não encontrem mais espaço nesses tipos de relacionamentos. Vai ver que eles são muito pesados para se adequarem aos padrões voláteis. Talvez o amor tenha assumido nova identidade diante de tantas mudanças e correrias anunciadas.

E vocês? Conseguem falar de amor ou conseguem amar nestes tempos de liquidez? Ou o amor entrou definitivamente pelo ralo?

6 comentários:

  1. É isso! Mas já tivemos tantos modelos do que é amor...e liquido ou sólido, será que sabemos defini-lo? Ou para cada indivíduo existe uma definição apropriada?
    Muito bom pararmos pra essa reflexão que você chama a atenção, Ivaninha!
    Agora só falta o que esperamos ansiosas: o post sobre "Amor livre".
    Um beijo

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  2. Pois é, Ivanoca. Acho que nesse momento de liquidez até os sentimentos 'ditos sólidos' estão escorrendo nos nossos relacionamentos, pq ainda fzm parte da gente. Eu resisti a perceber que em muitos relacionamentos líquidos existe respeito e até compromisso (que aqui não significa 'estar preso a'). Enfim, que escorram os pensamentos aqui no seu blog. Acompanhando, hein?

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  3. Tow adorando isso aqui!! Pensamentos diferentes sempre me atraem \o/. Que escorram mais pensamentos então.

    Ps: Amor Livre em breve. Tentarei rsrs

    Bjos

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Amei seu espaço colorido, Ivaninha! A junção das palavras então... =]

    O amor... ah... esse sentimento tão necessário...
    creio que esse tempo de liquidez esteja tão latente, por conta da ausência do amor próprio, do auto conhecimento, e desse ritmo frenético e descartável ao qual estamos nos deixando levar. MAS, eu acredito que o amor está em alta, assim como a sensibilidade... rs

    um beijo de luz!

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